Mano Brown, apenas mais um rapaz comum

setembro 27, 2007

Quando soube que Mano Brown seria o entrevistado do Roda Viva, fiquei feliz por não precisar trabalhar na noite daquela segunda-feira, como ocorre quinzenalmente. Às 22h40, estava no sofá, em frente à TV, para assistir ao que o principal nome do grupo Racionais MC’s teria a dizer.

O resultado, para quem esperava um Brown “idealizado”, foi decepcionante. Ele não assumiu a condição de “exemplo para a periferia” e nem a responsabilidade que tem ao ser ouvido por milhares de jovens. Preferiu se definir apenas como alguém que faz música para sobreviver (“se eu não cantar, eu não como” e “isso é só uma rima”).

Ficou claro o motivo pelo qual Mano Brown dá poucas entrevistas: ele não sabe ser um “bom” entrevistado. Com exceção de algumas declarações contundentes (“sou um pai ausente”, “traficante, não, comerciante”, “o Lula não vai entregar os parceiros dele”), as respostas foram superficiais e evasivas. O fato de ele reconhecer que não lê muito e ter concluído os estudos até a oitava série (“porque não gostou da escola”) contribuem para isso.

Os entrevistadores estavam receosos de entrar em confronto com Brown. Já que não queriam guerra, por que não pegar o gancho dado pelo rapper (“as coisas que eu me interesso, eu me informo”)? Por que não insistir em perguntas sobre o trabalho dos Racionais, o cenário do rap, o novo DVD “1000 Trutas, 1000 Tretas”, aprofundar as questões das influências musicais (Jorge Ben, Tim Maia e Cassiano)?

Sobre música, aliás, a impressão que Brown passou é a de alguém mais preocupado em promover o rap como um estilo musical do que como um meio de passar idéias transformadoras. Tiro essa conclusão quando ele diz que o rap norte-americano é mais evoluído e que não dá para cobrar um discurso social dos rappers brasileiros.

Ao ser questionado sobre quais os trabalhos que os Racionais fazem na comunidade, além da música, Mano Brown saiu pela tangente e, depois, citou sua função de produtor dos grupos U.Time e Rosana Bronx. Em vez de criar ONGs com o dinheiro merecido que ganhou com os Racionais, ele e seus colegas montaram o selo Cosa Nostra. Ou seja: o negócio deles é música, não implantar uma nova ideologia.

Mano Brown mostrou ser um rapaz comum. Alguém que discute por causa do Santos, compra uma casa para a mãe quando melhora de vida, é casado há bastante tempo com a mesma mulher e que tem um filho que freqüenta uma unidade do CEU. Quem espera um libertador da periferia, vai ter que arrumar outro.


Especial Racionais MC’s – Sobrevivendo no Inferno: “A criminalidade como ela é”

setembro 21, 2007

Capa do DiscoEm 6 de novembro de 1997, dia em que completei 17 anos, um colega de trabalho me avisou que estavam vendendo o novo CD dos Racionais MC’s em uma loja perto dali e perguntou se eu também queria. Entreguei os R$ 20 para ele comprar o meu próprio presente de aniversário.

Depois de encerrar o expediente, peguei meu discman, coloquei o CD recém-adquirido nele e fui em direção ao ponto de ônibus. Naquele dia, faria minha inscrição para o vestibular de Jornalismo antes de ir ao colégio e no caminho poderia ouvir o que os Racionais tinham para dizer em suas músicas.

A tranqüilidade de “Jorge de Capadócia” se transformou na batida forte de “Capítulo 4, Versículo 3”, que me cativou logo de cara. As faixas iam passando e tinha a certeza que estava escutando algo único. Na volta para casa, após a aula, ainda conferi “Fórmula Mágica da Paz”, única música do disco que conhecia até então (ainda assim, de ouvir falar).

Meses depois, o fenômeno “Sobrevivendo no Inferno” estava em toda a mídia, surpreendida com o sucesso de vendas de um CD que não tinha ampla divulgação. Por mais que a imprensa não soubesse como aquilo podia acontecer, a resposta era muito fácil: o disco era muito bom.

As letras de Mano Brown e Edi Rock estavam mais poéticas e contundentes do que antes. Os temas das músicas são os mesmos dos discos anteriores: criminalidade, drogas, violência e preconceito racial (“o primo do cunhado do meu genro é mestiço…”), mas o modo como eles falam chega a impressionar pela criatividade. Ao citar um viciado em crack, não basta dizer que ele “está se afundando na pedra”, mas sim que ele está “tragando a morte, soprando a vida pro alto”. Sobre o poder de liderança do Guina (o personagem fictício, não o picareta que dá testemunho mentiroso nas igrejas), uma descrição sensacional: “com condição de ocupar um cargo bom e tal, talvez em uma multinacional/pensando bem, que desperdício, aqui na área acontece muito disso, inteligência e personalidade, mofando atrás da p.. de uma grade”.

Por mais poéticas que sejam, as letras não amenizam a realidade cruel. São descritas com crueza situações como meninas que se sujeitam a praticar sexo oral para sustentar seu vício em cocaína, o ladrão que engatilha o revólver na boca de sua vítima, assassinatos a sangue-frio e crianças com ataques causados pela abstinência de crack.

Junto a essas letras ora poéticas, ora cruéis, as batidas e samples conseguem dar o tom do que os cantores querem passar. Quem ouve “Capítulo 4, Versículo 3” fica em estado de atenção, como se pudesse ser atacado a qualquer momento por um ladrão. Já o ritmo funk de “Qual mentira vou acreditar” remete à festa onde Edi Rock e Ice Blue encontram a mulher com o vestido “estrategicamente a um palmo do joelho”. Entre os sons que compõem “Tô ouvindo alguém me chamar”, nota-se o barulho de um aparelho que registra as batidas do coração do personagem quase morto da música.

Mesmo em meio a tantos tiros e drogas, os integrantes dos Racionais sobreviveram a esse inferno e “contrariaram a estatística”, o que não ocorreu com os filhos de muitas “Marias”. A mensagem do grupo, por mais que a criminalidade esteja aí, é essa: “malandragem de verdade é viver”.

Jorge Ben novinho1 – Jorge de Capadócia: A letra de Jorge Ben, colocada na base da música “Ike’s Rap II” de Isaac Hayes (que também foi utilizada pelo Portishead), serve para “abrir os caminhos” do disco. Com tanta bala que virá pela frente nas próximas faixas, é bom fazer a seguinte oração: “armas de fogo meu corpo não alcançarão”.

Ao incluir esta faixa, os Racionais homenageiam um de seus ídolos e mostram um pouco do novo lado religioso do grupo, como atesta a capa do disco.

2 – Genesis (Intro): No pequeno trecho dessa espécie de vinheta, Mano Brown resume que Deus dá as coisas boas, e o homem as transforma em más. Para sobreviver nesse inferno, o jeito é se virar, seja “com uma Bíblia véia” ou “uma pistola automática”.

3 – Capítulo 4, Versículo 3: O título da música seria uma alusão ao fato de esta ser a terceira faixa do quarto disco do grupo. Deixando a hipótese de lado, o que interessa é o seu conteúdo.

A música já começa com uma série de estatísticas que mostram como os negros da periferia de São Paulo sofrem com a violência policial. A revolta que essa situação gera em Mano Brown faz com que ele use sua arma (“minha palavra vale um tiro/eu tenho muita munição”) para “abalar o seu sistema nervoso e sangüíneo”.

Mesmo reconhecendo suas “intenções ruins”, Brown consegue agradecer ao Senhor por “não desandar e nem sentar o dedo em nenhum pilantra”. Para chegar aos 27 anos (agora 37) e contrariar a estatística, ele não caiu na conversa da propaganda de que precisava ter status e fama e muito menos se rendeu ao vício das drogas. Isso, fatalmente, o levaria para a vida do crime, seja para sustentar um estilo de vida ou uma dependência química (“tem mano que te aponta uma pistola e fala sério/explode a tua cara por um toca fita velho…. vai de bar em bar/esquina em esquina/trocar 50 conto/trocar por cocaína”).

Apesar de confessar que “ser um preto tipo A custa caro”, ele deixa claro sua opção em não ser um criminoso. “Se eu fosse aquele moleque de toca/que engatilha e enfia o cano dentro da sua boca/de quebrada, sem roupa/você e sua mina/um, dois, nem me viu/já sumi na neblina/mas não, eu permaneço vivo…”

Os Racionais, “efeito colateral que seu sistema fez”, marcaram o Vídeo Music Brasil da MTV, em 1998, com uma apresentação histórica deste rap. Na parte musical, destaque para o sample de Slippin’ Into Darkness, do grupo War.

4 – Tô ouvindo alguém me chamar: Após ser alvo de diversos tiros, um criminoso começa a fazer uma reflexão de como foi sua vida. Essa é a tônica da mais extensa música do disco, com impressionantes 11min15 de duração.

Por mais que seja uma das músicas que mais fala de assaltos, assassinatos e outros delitos, a sua mensagem deixa muito claro que o crime não compensa. Percebendo a pouca chance de sobreviver, o personagem do rap se arrepende do que fez e promete: “se eu sair daqui eu vou mudar”.

O arrependimento é óbvio pela referência que ele faz do seu irmão, alguém que teve as mesmas condições difíceis de criação e, mesmo assim, conseguiu concretizar seu “sonho de doutor”, ao estar perto de se formar, “acho que em direito, advocacia”.

Em vez de se espelhar no esforço do irmão, o narrador da música optou pela vida de “revólver, droga, carro” e teve como professor o ladrão Guina, “sangue ruim que não dava boi para ninguém”. Curiosamente, o mestre no crime foi o responsável por sua morte. Na cadeia, Guina achou que fora cagüetado pelo seu então parceiro e ordenou a execução.

O sample utilizado é da música “Charisma”, de Tom Browne. A letra do rap é de Mano Brown.

5 – Rapaz Comum: Assim como na faixa anterior, este rap também tem um narrador que acabou de levar tiros. Mas se em “Tô ouvindo alguém me chamar” a música se encerra com a morte do criminoso, aqui a história se desenrola até o momento em que o defunto é enterrado.

Na música não fica claro qual o motivo da morte do protagonista. Mas e daí? “Morte aqui é natural é comum de se ver/c…, não quero ter que achar normal/ver um mano meu coberto com jornal”.

Infelizmente, Edi Rock explica que, entre os jovens de periferia, “morre um, dois, três, quatro, morre mais um em breve”. O rapaz comum da música “não é o último, nem muito menos o primeiro” a ser alvo da violência.

Em vez de uma base funk, os Racionais utilizam nesta faixa um sample de “Black Steel in The Hour of Chaos”, do grupo Public Enemy. No refrão, há trechos de “Mano na porta do bar” (“a lei da selva é assim, predatória/preserve a sua glória”).

6 – ….: Apesar de ser apenas uma vinheta do disco, ela não passa despercebida. Depois de uma parte instrumental com uma batida bem comum ao rap, ela termina de uma forma que remete à violência: uma seqüência de tiros.carandiru.jpg

7 – Diário de um Detento: Música que ganhou um bom destaque no disco, principalmente após conquistar os prêmios de Melhor Videoclipe de Rap e Escolha da Audiência do Video Music Brasil 1998, conta a trajetória de um presidiário da Casa de Detenção do Carandiru nos três primeiros dias de outubro de 1992, quando ocorreu o massacre de 111 detentos no Pavilhão 9 do presídio.

A letra, uma parceria de Mano Brown com o agora ex-detento Jocenir, autor do livro homônimo lançado em 2001, retrata as angústias daqueles que estão “do outro lado do muro”. Fugir? Será que o juiz aceitou a apelação? E meu irmão em liberdade, está usando drogas?

Se Jocenir é responsável por mostrar a Brown o que se passa na cabeça de um detento, o rapper dos Racionais não precisa de parceria para narrar sua versão do massacre do Carandiru. Por mais que tenha ficado quatro anos preso, o escritor e co-autor da música não estava no presídio da Zona Norte de São Paulo em 1992, o que reforça a idéia de que a parte da composição que ataca “Fleury e sua gangue” seja de Brown.

Antes de chegar ao clímax, ainda dá tempo de avisar a quem está no crime sobre o que a prisão reserva: “aí moleque, me diz: então, cê quer o quê?/a vaga tá lá esperando você/pega todos seus artigos importados/seu currículo no crime e limpa o rabo/a vida bandida é sem futuro/sua cara fica branca desse lado do muro/já ouviu falar de Lucífer?/que veio do Inferno com moral, um dia/no Carandiru, não… ele é só mais um/comendo rango azedo com pneumonia”.

Sobre a rebelião que culminou no massacre, a descrição é simples e precisa: “uma maioria se deixou envolver/por uns cinco ou seis que não têm nada a perder/dois ladrões considerados passaram a discutir/mas não imaginavam o que estaria por vir”. Com a deixa dos próprios presos e o sim dito pelo telefone, “avise o IML, chegou o grande dia”.

O resultado disso são “cadáveres no poço, no pátio interno” e “sangue jorra como água”, pois o “ser humano é descartável no Brasil/como modess usado ou bombril”. Mesmo com a gravidade da situação, nada deve mudar. “Mas quem vai acreditar no meu depoimento?/dia 3 de outubro, diário de um detento”, encerra Brown.

A percussão que caracteriza a música foi sampleada de “Easin’ In”, de Edwin Starr.

8 – Periferia é periferia (em qualquer lugar): O nome da música é uma frase utilizada pelo rapper GOG em “Brasília Periferia”, faixa do disco “Dia a Dia da Periferia”, de 1994. Não importa se você está na Ceilândia, no Capão Redondo ou em qualquer outra periferia de uma grande metrópole: nesses lugares esquecidos da cidade, a droga está acessível, trabalhadores se matam para ganhar pouco e a criminalidade rola solta.

De todos os problemas atuais da periferia, o que parece ser mais preocupante é o da droga, na visão de Edi Rock. Primeiro, as crianças crescem vendo as pessoas se drogando e muitas delas seguem pelo mesmo caminho. Ao não conseguir sustentar o vício, praticam crimes, mesmo que seja contra um trabalhador comum (“escravo urbano”), e permanecem vivos por pouco tempo, pois também viram vítimas da violência que geram.

Tudo bem que muitos moradores da periferia têm sua culpa na história, mas “quem vende a droga pra quem?”. Edi Rock observa sabiamente que a droga “vem pra cá de avião ou pelo porto ou cais/não conheço pobre dono de aeroporto e mais”, ou seja, os responsáveis por essa situação são os poderosos.

A homenagem ao rapper GOG não se restringe ao título da música, já que outros trechos de “Brasília Periferia” são utilizados durante o rap (“aqui a visão já não é tão bela”, “muita pobreza, estoura violência”, “vários botecos abertos, várias escolas vazias”, “mães chorando, irmãos se matando”). A base é sampleada de “Cannot Find a Way”, de Curtis Mayfield.

9 – Qual mentira vou acreditar: Depois de tantos temas pesados tratados nas faixas anteriores, esta música serve como um oásis. O som funk, sampleado de “Hip Dip Skippedabeat”, do grupo “Mtume”, retrata a saída dos amigos Edi Rock e Ice Blue em uma balada qualquer.

O momento de lazer para alguém da periferia, porém, não é nada fácil. Primeiro, é obrigado a tomar uma geral da polícia (e ver sua camisa do Santos sair suja após a batida). Depois, xaveca uma mina espetacular e descobre que tudo o que ela dizia não era verdade. Sem falar nos falsos amigos, que contam vantagem de tudo, apesar de não serem nada daquilo do que garganteiam.

Em meio a tantas mentiras, o jeito é “saber curtir, saber lidar/se a noite é assim mesmo, então, deixa rolar”. Vale lembrar que é nesta música que há a citação de uma “mulher vulgar”, assim como ocorre em todos os outros discos. Segue alguns versos: “conheço essa perversa há maior cara/correu a banca toda de uns ‘pleiba’ que colam lá na área/pra mim ela disse que era solitária/que a família era rígida e autoritária/tem vergonha de tudo, cheia de complexo/que ainda era cedo pra pensar em sexo”.

djavan.jpgComo curiosidade, as músicas ouvidas no rádio do carro do Edi Rock no início são “Chegou a Hora”, do Boi Garantido, e “Pode vir quente que eu estou fervendo”, na versão do Barão Vermelho. Não podemos nos esquecer do “só eu sei” da música “Esquinas”, de Djavan, quando Blue sonhava em um grand finale até as seis da manhã.

10 – Mágico de Oz: “moleque novo que não passa dos doze, já viu, viveu mais que muito homem de hoje”. Se a música só tivesse apenas essa frase, já valeria sua inclusão no disco.

Mas essa composição de Edi Rock tem muito mais. Conta o que acontece com os “meninos em situação de rua”, como dizem os estudiosos. Eles aprendem cedo a malandragem da rua, têm a droga como opção “para aquecer ou para esquecer” e vêem a polícia como inimiga. Apesar de todos os problemas, “sair da rua é a meta final/viver decente, sem ter na mente o mal”.

Difícil imaginar crianças como essas sem a maldade na mente, tendo como exemplos policiais corruptos e traficantes com o bolso cheio. “Dizem que quem quer segue o caminho certo, ele se espelha em quem tá mais perto”, define Edi Rock.

Diante de uma situação tão triste como essa que vemos nos faróis e nas esquinas todos os dias, o autor do rap confessa que questionou a existência de Deus, mas depois recuou. Só mesmo tendo fé para acreditar que uma dessas crianças terá uma condição digna algum dia.

Para complementar a letra, a base da música é um sampler de “It’s too late”, do grupo The Isley Brothers.

11 – Fórmula Mágica da Paz: Não é à toa que esta é a última música do CD. Nela, Mano Brown faz uma reflexão de sua trajetória, desde a época de moleque, com “cabelo black e tênis All Star”, até chegar aos 27, como mais um sobrevivente.

Em sua análise, apesar de reconhecer que cresceu admirando os ladrões e malandros mais velhos, viu que “malandragem de verdade é viver”, pois “muito velório rolou de lá pra cá”. Aliás, ele admite ser um vencedor, já que a sua mãe poderia ser uma das muitas que colocam flores sobre a sepultura no Dia de Finados.

Para os manos de hoje que se interessam pela idéia de “treta, tiro, sangue”, Mano Brown dá uma sugestão: curtir a liberdade com os amigos, ouvindo um bom som, sem pedra ou pó e com respeito aos outros. Por mais que recomende o “descanso do gatilho”, ele sabe que é complicado viver sem emprego e, conseqüentemente, sem dinheiro para balada, roupa nova, carro e mulher.

Mano Brown encontrou a sua fórmula mágica da paz e, para isso, não precisou deixar a periferia, um campo minado onde os irmãos, todos pobres, vivem se matando. O fato de ele dizer “não me olhe assim, eu sou igual a você” dá a esperança para as pessoas que vivem em situação semelhante consigam o mesmo que ele.

bar-kays.jpgO sample utilizado é o da música “Attitudes”, do grupo The Bar-Kays. Confiram também a apresentação de “Fórmula Mágica da Paz” no DVD “1000 Trutas, 1000 Tretas”.

12 – Salve: Novamente os Racionais usam a base de “Ike’s Rap II”, de Isaac Hayes, para esta faixa, que cita o nome de várias quebradas por onde o grupo passou. Os presidiários, ou “os manos que estão do outro lado do muro”, também são agraciados com o salve.

No final, Mano Brown ainda dá um aviso aos “fdp que querem jogar sua cabeça para os porcos: tenta a sorte”. A confiança está no fato de ele acreditar em Jesus, segundo suas palavras, “um homem de pele escura, de cabelo crespo, que andava entre mendigos e leprosos pregando a igualdade”.

Ps. Mais uma vez agradeço ao pessoal da comunidade do Orkut “Originais do Rap”, que tem me mostrado quais as bases utilizadas pelos Racionais. Sem vocês, este post não teria tantas informações relevantes.


Eu e o Guina não somos dos Racionais

setembro 6, 2007

Os testemunhos de conversão são muito usados pelas igrejas evangélicas para apresentar a Cristo a outras pessoas. Histórias reais de transformações de vidas causam um impacto muito grande naqueles que sentem um vazio no coração.

Em um dos seminários locais do Instituto Haggai realizados na igreja que freqüento, o palestrante fez um alerta em relação a esses testemunhos. “Um ladrão de galinha se converte e o pastor dá a oportunidade de ele relatar sua mudança de vida. Com o microfone na mão, em vez de contar sua história verdadeira, ele acaba incrementando aqui, ali e se transforma em ladrão de banco, assassino, dependente de drogas…”, disse o pastor, ele mesmo um ex-dependente químico.

Lembrei-me dessa história quando começou a pipocar na Internet um tal testemunho do “Guina dos Racionais”, que descobri pela comunidade do grupo no Orkut. Não sei o que levou o cidadão a inventar que era ex-integrante do grupo e dado como morto após tomar 32 tiros (30 no peito e dois na cabeça). Antes de “sobreviver milagrosamente”, o rapaz disse que entregou a cabeça de sua noiva para a mãe dela e deixou a fama (?) para pertencer ao PCC (Primeiro Comando de Cristo). Isso sem falar no fato de ele ter pegado HIV e ter sido curado.

Muita gente acreditou nessa conversa mole, seja pela Internet ou nas várias igrejas em que o “Guina” pregou como convidado. O mais triste é ver que ninguém se deu ao trabalho de pegar um CD antigo dos Racionais e verificar que jamais um Guina fez parte do grupo. Ele apenas é um personagem fictício da música “Tô ouvindo alguém me chamar”, do CD “Sobrevivendo no Inferno”.

A ingenuidade (ou seria preguiça? falta de informação?) das pessoas também pode ser notada neste blog. Eu fiz alguns posts sobre os Racionais e, ao ler alguns comentários, fiquei surpreso. “Eu amo vcs, tenho todos os Cds”; “iai manu brau tudo bem, e as musicas esta indo bem”; “vcs são d+, adoro suas musicas” foram algumas das mensagens que recebi, como se o blog fosse o site dos Racionais.

É impressionante como as pessoas não entendem o que lêem. Isso quando lêem. Vão ao Google, digitam “rasionais” e acham um site bacaninha, com fotos do grupo. Pronto, do outro lado está o Mano Brown em pessoa!

Desculpe decepcionar alguns leitores que caem de pára-quedas aqui: eu, assim como o Guina, não faço parte dos Racionais! Meu nome é Fernando, também conhecido como Empada (ou MC Empada) e sou apenas mais um apreciador do grupo.

Agora o ingênuo sou eu: até parece que as pessoas chegaram ao fim deste texto.


Bem-vindo ao Rio de Janeiro

setembro 5, 2007

rio-mapa.jpgHá algumas semanas, após mais uma viagem de ônibus por uma estrada federal, chego à rodoviária e, antes de subir a primeira escada rolante, um funcionário me entrega um folheto.

“Bem-vindo ao Rio de Janeiro”, diz a capa, que traz o Cristo Redentor, um dos símbolos da Cidade Maravilhosa e agora uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo Moderno. Dentro, recebo informações relevantes sobre o transporte público carioca.

Impressionei-me com a quantidade de estações do metrô do Rio, que eu não conheço, e com o infográfico que destaca as obras realizadas para os Jogos Pan-americanos. Em uma das páginas, uma lista com linhas de ônibus para diversos pontos da cidade, a partir da rodoviária: entre as opções para quem vai à Zona Sul, podemos citar Real 126 (Copacabana), Real 170 (Gávea) ou Real 2017 (Leblon), este com ar-condicionado. Para a Zona Norte ou Oeste, há a linha Redentor 266 (Cidade de Deus).

Como não tenho carro e fico com dó de gastar em táxi, o folheto foi uma agradável surpresa. Quando for ao Rio de Janeiro, vou usar as informações que ele traz. Só entranhei o fato de recebê-lo na área de desembarque da Rodoviária do Tietê, em São Paulo.