Descobri só neste sábado, horas antes do jogo, que o Corinthians completaria sua 500ª partida no Morumbi contra o Atlético-MG. Eu pensava que o Timão havia atuado mais vezes no Cícero Pompeu de Toledo, pois só eu acompanhei naquele estádio 58 confrontos do Alvinegro.
Sim, pode parecer coisa de maluco, mas eu tenho um arquivo com todas as partidas que vi do Corinthians no estádio. Meu retrospecto no Morumbi, percentualmente, não se difere muito do Timão: enquanto eu vi 22 vitórias, 20 empates e 16 derrotas, no total o Coringão conquistou 192 vitórias, 175 empates (já incluso o 0 x 0 contra o Galo) e 133 derrotas. Considerando três pontos por vitória, critério adotado pela Fifa somente em 1994, meu aproveitamento de pontos seria de 49,42%, sendo o do Timão no geral de 50,06%.
Abaixo, ao estilo de outros blogueiros como Marmota e Lello, vou fazer um top 5. A lista se refere a vitórias inesquecíveis que presenciei no Morumbi:
5º – Corinthians 5 x 2 Santos – Campeonato Paulista 1993 – A importância desse jogo é quase nula, pois era válido pela fase classificatória da competição. No entanto, naquele ano, o Timão estava bem e a equipe se destacava por comemorar os gols de maneira não muito convencional, principalmente por causa do Viola.
No primeiro tempo, o Corinthians abriu 2 a 0, com Moacir e Paulo Sérgio, mas logo no início da segunda etapa o Santos empatou com dois gols do desconhecido Neizinho. O susto durou pouco, pois Neto, aos 10, Adil, aos 21, e Viola, de pênalti, aos 37 minutos, decretaram a vitória corintiana.
Além do baile que o Timão deu, a maior lembrança que tenho foi a comemoração em um dos gols da equipe. Nela, os jogadores trombavam um no outro, de lado, fazendo uma dança para lá de esquisita.
4º – Corinthians 4 x 0 São Paulo – Semifinais do Campeonato Paulista 1999 – Menos de um mês antes, o Corinthians havia sido eliminado da Libertadores pelo Palmeiras e o consolo foi disputar o Campeonato Paulista. Parecia que o time estava disposto a atropelar quem viesse pela frente e foi isso que aconteceu nesse dia.
Já falei no post sobre o Dida o quanto sofri na Era Telê, então ver o Timão golear o São Paulo era inacreditável. O Ricardinho abriu o placar no primeiro tempo, depois Dinei e Marcelinho, duas vezes, decretaram a vitória corintiana. Saí do estádio naquela tarde chuvosa não só com o corpo molhado, mas com a alma lavada.
3º – Corinthians 2 x 0 Palmeiras – Quartas-de-final da Libertadores 1999 – Essa é a famosa vitória com gosto de derrota. O Timão tinha perdido o primeiro jogo das quartas-de-final por 2 a 0 (eu estava lá) e na partida de volta precisava reverter o resultado. Até conseguiu, mas foi eliminado nos pênaltis.
Por mais que tenha sido uma eliminação dolorosa, preciso reconhecer que este foi o melhor jogo que eu vi no estádio até hoje. Os dois times jogavam muita bola e o resultado foi uma partida magnífica.
Uma lembrança dessa partida foi o antijogo praticado pelo técnico palmeirense, Luiz Felipe Scolari, que chegou a atirar bolas no campo quando o Corinthians descia para o ataque. Lamentável.
2º – Corinthians 2 x 0 Al Nasser/ARA – 1ª Fase do Mundial de Clubes 2000 – Eu estive nos três jogos que o Timão fez no Morumbi na conquista do Mundial de Clubes, e por pouco não fui ao Maracanã. A melhor partida, em termos de futebol, foi o empate por 2 a 2 com o Real Madrid, mas a vitória contra o Al Nasser foi a mais angustiante.
Para entender melhor o sufoco, a situação era a seguinte: antes da última rodada da primeira fase do Mundial, Timão e Real estavam empatados no primeiro lugar do grupo com quatro pontos. Então, o time espanhol ganhou do Raja Casablanca por 3 a 2 e, para se classificar à final, o Corinthians precisava bater o time árabe por dois gols de diferença.
O jogo começou complicado, pois logo no início o zagueiro João Carlos, contundido, foi substituído por Adílson. O meia Ricardinho marcou o primeiro gol aos 24 minutos, mas pouco tempo depois teve de sair da partida, também por contusão, dando lugar a Edu.
Com 1 a 0 no placar, o Corinthians jogava mal e não criava muitas chances de gol. Para piorar, o lateral Daniel, em sua estréia com a camisa corintiana, acabou expulso aos 23 do segundo tempo. Quando começava a ficar difícil acreditar na classificação, o time fez uma bela troca de passes e encontrou Rincón livre para marcar 2 a 0, resultado que garantiu a equipe na final contra o Vasco.
1º – Corinthians 1 x 0 São Paulo – Final do Brasileiro 1990 – Nunca estive em um estádio tão cheio em toda a minha vida: 100.858 espectadores, a maioria esmagadora de corintianos, compareceram ao Morumbi naquele 16 de dezembro de 1990.
Fui ao jogo com meu pai e meu irmão. Chegamos umas quatro horas antes de a partida começar e, se não me engano, era a primeira vez que sentava na então chamada numerada superior do Morumbi, setor laranja.
Para ser sincero, pouco lembro do jogo. Na época, tinha 10 anos de idade. Porém, quando o Tupãzinho marcou o gol da vitória, fiquei impressionado com a maneira como o meu pai se comportou naquele momento. Jamais o tinha visto comemorar um gol de modo tão efusivo, parecia até que ele teria um treco.
Na volta para casa, tive a infeliz idéia de ficar sacudindo um rojão em todo o trajeto engarrafado entre Morumbi e Pinheiros. Quando cheguei, fui mais infeliz ainda ao querer soltar o tal rojão: não me machuquei, mas apenas ouvi um barulho ensurdecedor e nada dos três tiros prometidos na embalagem.
Mesmo sem o estouro esperado, a comemoração continuou. Finalmente poderia dizer a meus amigos que o Corinthians não ganhava só títulos estaduais, pois era campeão brasileiro. Hoje, somos tetra.