Síndrome de torcedor masoquista

Ontem, o Corinthians estreou com vitória de 1 a 0 sobre o Juventude no Brasileirão, mas tenho a impressão que neste campeonato vou sofrer mais do que comemorar. Não que eu ache isto tão ruim, pois como comentei no último post sobre futebol, quanto pior está o time, mais vontade eu tenho de ir ao estádio para ver o Timão.

Essa síndrome de torcedor masoquista que tenho é coisa recente. Na década de 1990, ia ao estádio com meu pai e meu irmão mais velho e, na maioria das vezes, eram eles que propunham os jogos que assistiríamos. Deste período, minhas lembranças são mais positivas do que negativas, com a “Era Neto”, o timaço do Mário Sérgio de 1993, as comemorações extravagantes do Viola, os gols do Marcelinho e o Poderoso Timão de 98 a 2000.

O início dessa “disposição para o sofrimento” teve seu embrião em 1997, quando fiz questão de ir ao Morumbi ver o Timão ganhar do Flamengo por 1 a 0 e, dessa forma, dar um grande passo para se livrar do rebaixamento no Brasileiro. No segundo semestre de 2000, já munido da carteirinha da ACEESP, o que me permitia entrar no estádio de graça, o masoquismo ganhou ares mais cruéis: vi o Corinthians, matematicamente eliminado, empatar com o Boca Juniors por 2 a 2 pela Mercosul e, na famigerada Copa João Havelange, assisti a três dos muitos vexames do Alvinegro: 1 x 2 Juventude, 1 x 3 Fluminense (quando o Roger era Tricolor) e 1 x 4 Flamengo (o Alex, ex-Palmeiras, gosta de jogar contra nós).

No ano seguinte, quando o time patinava no Paulista, decidi acompanhá-lo e, dessa vez, me dei bem: 5 x 0 no Santos, o que foi o início da arrancada para o título (com Paulo Nunes e tudo). No Brasileirão de 2003, fui corajoso ao encarar a estréia do técnico Juninho Fonseca, depois de uma derrota de 3 a 0 para o São Paulo e a conseqüente queda de Júnior (depois de apenas dois jogos), mas não me arrependi: 3 a 0 na Ponte Preta.

Em 2004, o Corinthians namorou a zona do rebaixamento e, para variar, decidi voltar aos estádios. Vitória de 1 a 0 em cima do Criciúma (nem vi o gol, pois só consegui entrar no Pacaembu quase no intervalo) e um empate modorrento com o Internacional por 0 a 0 na semana seguinte.

Com os galáticos da MSI, também demonstrei minha fé ao comparecer no maravilhoso 5 a 1 sobre o Cianorte, depois do susto que o time passou no Paraná. Quando Tevez e Mascherano foram embora, no ano passado, vi o time sair da zona da degola ao vencer a Ponte Preta por 1 a 0.

Claro que gosto de ver a equipe bem e jogando um futebol envolvente, que atrai o torcedor ao estádio. No entanto, quando o time está na pior, tenho a sensação de que “o Corinthians está precisando de mim” e, por isso, “não posso abandoná-lo nesse momento difícil”. Quanto mais as circunstâncias se mostram complicadas, aí é que reafirmo minha fé no Timão.

Aliás, às vezes fico surpreso (e assustado) quando vejo que pareço acreditar mais em um bando de mercenários, pernas-de-pau e jogadores esforçados do que no Deus que enviou seu filho Jesus para trazer a salvação para a humanidade. Mas isso é assunto para outro post.

1 Responses to Síndrome de torcedor masoquista

  1. Fagundes disse:

    Duro mesmo vai ser adorar o Vampeta… Eh! Brasil!

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