50 anos de Bossa Nova e 20 anos de Rap no Brasil

Shows comemorativos, diversas reportagens na imprensa, entrevistas com os músicos pioneiros, relançamento de discos raros. Enfim, 2008 promete muitas dessas coisas em relação à comemoração dos 50 anos de criação da Bossa Nova, tendo como marco zero o dia 10 de julho de 1958, com a gravação de “Chega de Saudade”, interpretada por João Gilberto. Sobre os 20 anos do primeiro registro fonográfico de Rap nacional, a coletânea “Hip Hop Cultura de Rua”, no entanto, pouco ouviremos falar.

Em 1988, sob a produção de Nasi e André Young, músicos do grupo de rock Ira!, a coletânea foi lançada com raps de Thaíde & DJ Hum, MC Jack, O Credo e Código 13. Letras com críticas à polícia, como “Homens da Lei”, e que retratam a realidade dos jovens marginalizados logo caíram no gosto dos moradores da periferia.

Enquanto a Bossa Nova era a música “feita pela e para a classe média”, como definiu Carlos Lyra em recente entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o Rap pode ser considerado o estilo feito pelo e para o povo da periferia. Em vez de usarem o violão, dentro de um amplo apartamento, para cantar sobre amor, sorriso e flor, os jovens pobres samplearam as batidas cruas nos seus barracos e casas humildes para denunciar a falta de oportunidade, a violência e outras mazelas que acompanham os menos abastados.

Na década de 1950, a juventude carioca da Zona Sul não se identificava com os sucessos da época propagados pela Rádio Nacional e estava à procura de uma música moderna. Quando a fantástica batida de violão de João Gilberto e o jeito baixinho e comportado de cantar surgiram, eles se apegaram a isso e fizeram uma revolução na música popular brasileira.

Em São Paulo, 30 anos depois, o rock era a música da moda dos mauricinhos. Os jovens da periferia, porém, renegaram esses rebeldes sem causa e, por meio do hip hop vindo dos Estados Unidos, mostraram sua fúria. Finalmente a população pobre tinha sua voz e o impacto atingiu todo o Brasil.

Tanto a Bossa Nova quanto o Rap foram revolucionários para a história da música no país. No entanto, por mais que esteticamente a Bossa Nova seja “superior”, além de uma criação nacional (apesar da influência jazzística), o Rio de Janeiro do barquinho, da garota de Ipanema e do samba de avião ficaram para trás. E a poesia de MV Bill, muito mais representativa hoje do que aquela escrita por Vinícius de Moraes há meio século, ainda não tem o espaço que merece. Será que em 2028 2038 comemoraremos os 50 anos do Rap no Brasil?

1 Responses to 50 anos de Bossa Nova e 20 anos de Rap no Brasil

  1. LIA disse:

    gostaria de obter a música Garota De IPANEMA em RAP por favor para um trabalho escolar

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